Ensaio de Sabrina Machry
ANO
2016
As cidades estão paralisadas. A crise generalizada da mobilidade urbana incita a reflexão acerca dos modais de transporte: são avaliadas eficiência, com medição de tempos de trajetos, poluição gerada, infraestrutura necessária, custos de implantação e operação e os impactos na saúde dos usuários, (…) a partir da poluição, do stress causado pelo trânsito e pelo aumento do sedentarismo (ANTP, 2015; pág.49).
Chegando a um século do modelo de cidade sob a lógica urbana do transporte motorizado, e apresentando problemas seríssimos de mobilidade, congestão no trânsito e muito tempo gasto nos deslocamentos diários, as políticas públicas sofrem uma inversão: passam a desestimular o uso do veículo motorizado privado e buscar a solução no transporte coletivo. Somam-se ainda novas pautas como o incentivo à infraestrutura cicloviária, espaços públicos de qualidade, ruas para pessoas e atividades pedestres; uma mudança que reflete no desenho urbano das cidades, na legislação vigente, na mentalidade social e na vida dos citadinos.
Esta nova visão interfere diretamente na forma de fazer cidade: nos raios da área urbana, no comprimento dos deslocamentos, na configuração espacial das ruas e calçadas e na variedade do uso e ocupação do solo, de forma a encurtar as distâncias percorridas dentro da cidade. Além disso, determina o nível de percepção e vulnerabilidade do espaço público-privado; pois uma vez que se reduz a velocidade do transeunte, como no caso de deslocamentos não motorizados, aumenta sua capacidade de leitura de detalhes do percurso e ele está mais sujeito à dinâmica da rua, seus riscos e benefícios.